Rumo a 2030: o futuro do supply chain começa agora

A contagem regressiva já começou. Faltam menos de cinco anos para 2030 — ano símbolo de grandes metas globais: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU da Agenda 2030, compromissos de descarbonização de diversas indústrias, avanços previstos na digitalização e, para muitas empresas, marcos estratégicos de competitividade.

Diante desse cenário, surge uma pergunta importante: a cadeia de suprimentos brasileira está pronta para esse novo momento?

A resposta, ainda que com avanços pontuais, é que há muito espaço para evoluir. Um estudo inédito da CICLO Academy, em parceria com a 7D Analytics, ouviu líderes de supply chain em empresas de diferentes setores e revela que o progresso vem acontecendo – mas de forma fragmentada e com desafios importantes a serem superados.

Essa constatação acende um sinal de atenção: é hora de revisar rotas e acelerar decisões, para garantir que a jornada rumo a 2030 seja construída com consistência, inovação e propósito.

Tecnologia: presente nas empresas, ausente nas decisões

Um dos dados mais marcantes do estudo diz respeito ao investimento em tecnologia. Quase 75% das empresas ouvidas destinam menos de 1% do seu orçamento em soluções digitais aplicadas à cadeia de suprimentos. Isso revela uma desconexão entre a importância reconhecida da transformação digital e o espaço que ela, de fato, ocupa no planejamento estratégico.

Além disso, a percepção dos próprios líderes aponta um desafio de maturidade: muitas decisões ainda são tomadas de forma reativa, com base em planilhas e pouca integração entre áreas. Ferramentas são adotadas, sim, mas nem sempre com governança adequada, visão sistêmica ou retorno claro sobre o investimento.

“A transformação digital no supply chain brasileiro está mais associada à substituição de ferramentas do que à mudança de mentalidade. E isso pode limitar o real ganho de eficiência e competitividade”, afirma Isabel Cardeal, CEO e fundadora da CICLO Academy.

Metas fragmentadas: o supply chain busca protagonismo para 2030

Outro ponto relevante trazido pela pesquisa é a falta de alinhamento entre os objetivos da área de supply chain e os grandes desafios estratégicos das empresas. Embora muitos times tenham metas bem definidas, elas nem sempre estão conectadas com temas como inovação, sustentabilidade ou posicionamento competitivo.

Com isso, o supply chain ainda é, em muitos contextos, percebido como área de apoio – e não como motor de transformação.

“Falar de metas sem falar de direção é como afinar os instrumentos sem saber qual música vai ser tocada. A cadeia de suprimentos precisa se posicionar como motor da estratégia – e não como uma engrenagem isolada”, reforça Isabel.

Um mundo em transformação pede cadeias mais resilientes

Enquanto as empresas ainda buscam consolidar seus avanços internos, o cenário externo segue em rápida transformação. O impacto das mudanças climáticas já é visível nas cadeias globais – e o Brasil sentiu isso de perto em 2024, com a maior tragédia climática de sua história no Rio Grande do Sul.

No mundo, eventos extremos como inundações, secas e ondas de calor vêm se intensificando. E, além das questões ambientais, tensões econômicas e geopolíticas também têm influenciado diretamente a dinâmica dos suprimentos, desafiando a previsibilidade e a estabilidade.

A guerra na Ucrânia gerou escassez de grãos e fertilizantes e expôs a vulnerabilidade da Europa em energia. O chamado “tarifaço” implementado por Donald Trump vem acirrando disputas comerciais e forçando empresas globais a reverem localizações de produção, fornecedores e rotas logísticas. Não sabemos o que vem pela frente – mas já ficou claro que o mundo está mais imprevisível.

O impacto de algumas disrupções já se traduz em inflação real. Alguns exemplos recentes:

• A alface australiana sofreu um aumento de 300% por conta de inundações que comprometeram as lavouras.
• O café brasileiro subiu 55% em 12 meses, com perdas causadas por secas prolongadas.
• O cacau, base do chocolate, disparou 280% no mercado global, pressionando toda a cadeia de alimentos e bebidas.

Esses dados não são exceções. Eles sinalizam um novo padrão: as cadeias de suprimentos estão sendo impactadas por fenômenos que fogem ao controle tradicional das empresas – e que exigem uma nova postura. Um cenário em que resiliência, velocidade e capacidade de adaptação são tão estratégicos quanto o custo ou o lead time.

O momento exige mais do que visibilidade sobre a cadeia. Exige inteligência, flexibilidade e decisão.

Tecnologia como habilitadora da transformação

A boa notícia é que a tecnologia já oferece caminhos concretos para a construção de uma cadeia de suprimentos mais inteligente e proativa. Mas não se trata apenas de adotar softwares, mas de construir uma cultura de dados, com equipes preparadas para analisar, interpretar e agir.

“O profissional do futuro já está sendo moldado agora. Se não criarmos ambientes que incentivem o desenvolvimento dessas competências, estaremos sempre correndo atrás das crises – em vez de desenhar soluções”, aponta Isabel.

Rumo a 2030: um convite à ação

O tema do Simpósio Supply Chain 2025, “Rumo a 2030”, nasce exatamente dessa urgência. Não se trata de prever o futuro do supply chain, mas de preparar as organizações para lidar com um mundo mais volátil, mais digital e mais interdependente. Um mundo em que o sucesso não virá da eficiência operacional sozinha – mas da capacidade de pensar estrategicamente, agir com agilidade e se adaptar com inteligência.

“O supply chain que queremos em 2030 precisa começar a ser construído hoje. Com coragem para romper o que não serve mais, com disciplina para escalar o que já funciona e, sobretudo, com visão de longo prazo. O tempo da transformação é agora”, conclui Isabel.

Participe do Simpósio Supply Chain 2025: o futuro começa agora

Quer entender como sua empresa pode ir além da reação às crises e começar a antecipá-las com inteligência?? O 39º Simpósio Supply Chain será um espaço para líderes que querem transformar desafios em oportunidades.

Com curadoria especializada, conteúdos inéditos e a participação de executivos que estão redesenhando o papel do supply nas organizações, o evento vai inspirar, provocar e preparar você para o que vem pela frente.

Data: 26 e 27 de agosto
Local: Grand Mercure Vila Olimpia | São Paulo

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