

Transformando a Cadeia de Suprimentos até 2030! Estratégia, Execução e Inovação reunidas em um único evento.
A avaliação de riscos financeiros, o impacto dos custos dos negócios na cadeia de suprimentos e a construção de bons relacionamentos com fornecedores são algumas das principais preocupações dos setores de compras e procurement.
Diante desse cenário, empresas de diferentes segmentos da economia brasileira vêm adotando estratégias cada vez mais robustas de planejamento, organização e governança. O objetivo é mitigar riscos e desenvolver boas práticas voltadas para deixar o mercado mais sustentável financeiramente.
Essas iniciativas foram apresentadas durante o 4o Compras Summit, promovido pela CICLO Academy em maio. No evento, companhias como Aché, Comgás e Cencosud mostraram como o procurement coloca o viés financeiro em evidência no mercado e cria tarefas focadas no alto desempenho corporativo.
Entre as principais frentes, estão:
- Gestão de riscos com o uso de tecnologia para impulsionar compras e engajamento;
- Evolução e transformação do modelo de negócios do supply chain;
- Seleção e aprimoramento do trabalho de fornecedores com apoio da inteligência artificial.
Confira agora como alguns desses projetos têm garantido a sustentabilidade financeira das empresas e impulsionado os negócios para gerar valor e credibilidade.
Projetos com viés financeiros apresentados no 4o Compras Summit
Comgás: gestão de fornecedores em tempo real com IA
A Comgás utiliza a gestão de relacionamento com fornecedores (SRM) como ferramenta estratégica para aumentar a eficiência na mitigação de riscos financeiros, melhorar a qualidade das compras e gerar mais engajamento com os parceiros.
Com o apoio de uma ferramenta de inteligência artificial (IA), a empresa monitora fornecedores em tempo real: uma plataforma online permite comparar empresas da mesma categoria, proporcionando decisões mais assertivas – e seguras.
Compliance como critério decisivo no procurement
Na prática, com essa informação em mãos, a Comgás prioriza fornecedores que apresentam o menor risco possível. “O nosso olhar não é somente sobre o menor preço, sobretudo se o fornecedor demonstrar ter problemas de compliance”, pondera Diego Hubner, da área de Excelência e Governança de Suprimentos e Logística da Comgás.
A empresa que fornece produtos e serviços deve cumprir regulamentos, legislações e normas, seguindo os princípios éticos definidos como padrão pela Comgás. Essas ações íntegras reduzem riscos e fraudes.
Nesse sentido, a Comgás avalia aspectos como:
- Mídia negativa;
- Sanções públicas;
- Má-fé em licitação pública;
- Denúncias e condenações por uso de mão-de-obra análoga à escravidão.
Essas e outras práticas negativas podem levar ao rompimento da relação comercial com os fornecedores.
Sanções, aprendizados e orientações para fornecedores
Iara Alves, da área de Procurement e Strategic Sourcing da Comgás, detalha como a organização avalia o posicionamento dos fornecedores, para que eles possam se adaptar e manter os contratos.
“Essa adaptação aos padrões é adotada porque as empresas avaliadas pela ferramenta de IA recebem o feedback de seu desempenho – positivo ou negativo – e são orientadas a passarem por treinamento e capacitação, em especial considerando critérios utilizados na seleção de fornecedores”, pondera. Em seguida, devem submeter à Comgás um plano de ação.
Todo esse processo é integrado, com um olhar 100% sobre a base de fornecedores, o que faz com que todos sejam avaliados igualmente dentro do sistema. Em 2024, essa abordagem já foi incorporada como parte da estratégia de compras da empresa.
Resultados financeiros de impacto
Com essa estratégia, a Comgás tem obtido resultados financeiros relevantes, o que reforça a noção de que o monitoramento contínuo garante qualidade do atendimento e traz retorno em termos de geração de valor da companhia, disseminação de suas boas práticas e impacto positivo sobre a cadeia de suprimentos.
Esses processos fazem o viés financeiro evoluir como suporte à cadeia de suprimentos e permite que eles possam ser ampliados para além da política de monitorar e aprimorar o desempenho dos fornecedores.
Cencosud: ferramentas eletrônicas como estratégia de leilão
Para enfrentar os impactos dos custos sobre os negócios, a Cencosud adotou o modelo de leilões eletrônicos como prática estratégica. Nele, encontra informações sobre o mercado em tempo real.
A empresa usa os leilões para fazer uma análise de mercado, de inteligência sobre competitividade e de gestão de riscos. O Diretor de Procurement da Cencosud, Everton Nogueira, considera o leilão uma prática muito dinâmica no processo de negociação entre compradores e fornecedores.
Entre os benefícios desse tipo de negociação online estão:
- Rapidez e agilidade;
- Análise em tempo real;
- Transparência total;
- Valor real do mercado descoberto;
- Criação de lotes separados.
Os resultados dos leilões são muito superiores aos dos leilões tradicionais. Na Cencosud, o saving subiu de 4% para 18% entre um ano e outro devido ao uso da ferramenta.
Everton Nogueira cita o bom diálogo e o alinhamento com os fornecedores e clientes internos como fundamentais para convencê-los a participar dos leilões e envolvê-los na tecnologia com a promessa – cumprida – de melhores preços.
Entre as orientações que a empresa transmite estão:
- Investimento em comunicação;
- Definição da estratégia do leilão, com processo claro e padronizado;
- Uso de dados claros como referência;
- Compartilhamento do aprendizado.
O processo de compras por leilão é estruturado e comunicado antecipadamente para que os fornecedores possam entender como a ferramenta funciona, além de conseguir identificar os produtos e lotes que serão leiloados.
A Cencosud ainda cita outras oportunidades de mercado que surgem a partir do uso dos leilões eletrônicos. Entre elas, estão:
- Impulso à digitalização e à cultura de dados;
- Mudança de mindset na equipe de compras;
- Savings relevantes e comprovados;
- Aproximação com o cliente interno;
- Estímulo à concorrência saudável;
- Novas fontes de fornecimento (o comprador precisa buscar mais fornecedores);
- Melhoria da governança e rastreabilidade.
IA em estratégias de negociação
Para o futuro, a Cencosud busca a segmentação de fornecedores com critérios de maturidade e competitividade, implementação de células de compras estratégicas, além do uso de inteligência artificial para sugestão de estratégias de negociação.
“O comprador entra na Cencosud e é ‘educado’ continuamente a usar o leilão. A ideia é expandir esse modelo para a área comercial da empresa, além de criar um marketplace interno corporativo, alimentado por fornecedores que já estão qualificados”, diz Everton.
O modelo de negócios pode estar ligado a uma reestruturação das estratégias internas das cadeias de suprimentos.
Aché: reestruturação do supply chain com divisão das operações em células
A Aché é uma empresa farmacêutica que passou por um processo de evolução profunda em sua cadeia de suprimentos em 2022, mudando o foco do procurement para estratégias centradas em produtos e divisão das operações em células.
Bárbara Forlin, Gerente de Suprimentos da empresa, apresentou o case da empresa durante o 4o Compras Summit. A profissional considera que essa mudança restaurou a essência da companhia e promoveu uma evolução cultural interna, com uma política de intensa colaboração das equipes em cada célula de trabalho.
O propósito? Facilitar a administração das etapas do supply chain com suporte do procurement, desenvolvendo estratégias, soluções e negócios que agreguem valor à companhia e façam com que ela opere de forma rápida, ágil e rentável.
Para alcançar essa meta, a Aché preparou uma nova estrutura de suprimentos concentrada na operação e na segurança do trabalho, criando uma célula exclusiva para as compras.
Essa célula de compras se concentrou na aquisição de produtos farmacêuticos e embalagens para as mercadorias, seja por meio de compras diretas ou indiretas. Já os serviços foram segregados para organizar melhor os processos.
O redesenho da estrutura de suprimentos, de inteligência e transacional
Outra mudança foi o desenho da estrutura que levou à formação da célula de suprimentos, implementada com uso de uma ferramenta no modelo stand alone, para definir indicadores de sucesso e entender os objetivos da empresa.
Na sequência, a Aché estruturou sua célula de inteligência, com a implementação em fases da a ferramenta Analytics, criando uma evolução em tempo real. O uso dessa ferramenta conferiu mais credibilidade ao processo de avaliação de fornecedores.
A célula de inteligência também é responsável por monitorar a alta performance dos colaboradores da equipe, e permite, entre outras ações, medir:
- Níveis de atendimento em tempo real;
- Homologação de fornecedores;
- Processos, sistemas e melhorias com análise de dados e BI;
- Visibilidade dos resultados
Como a reestruturação remodela o sistema de rentabilidade dos negócios
Bárbara explica que a divisão da empresa em células elevou a rentabilidade da empresa, que não se resume a saving. O objetivo é definir como essa economia de recursos financeiros trará resultados melhores para a companhia.
Esses resultados são medidos quando a empresa analisa o comportamento do cliente e influencia suas decisões em cada uma das realidades de negócios. Nesse cenário, a executiva da Aché reitera a política de aplicação da “geração de valor” para a empresa.
Essa medida faz com que a Aché atinja desempenho em alto nível de competitividade no mercado, tanto em relação ao menor custo de operação, quanto em fornecer a seus stakeholders melhores experiências e benefícios, superando suas expectativas.
Como o treinamento do time e a influência dos stakeholders molda o cenário interno
Simultaneamente, a equipe passou por uma trilha de desenvolvimento individual, com a construção de atividades baseadas em indicadores estratégicos, táticos e operacionais que levam à célula transacional. Esta célula envolve todas as transações de compras, desde a solicitação até a entrega dos produtos.
“Na indústria farmacêutica, o tempo de adaptação é mais longo. Qualquer mudança no fornecimento dos medicamentos leva de dois a cinco anos. É preciso olhar a médio e longo prazo, e medir o impacto da mudança estrutural entre os stakeholders internos para que eles se adaptem”, reforça Bárbara Forlin.
A avaliação interna é que o sucesso da Aché na transformação de seus processos internos aconteceu devido à intensa colaboração da equipe. Essa colaboração foi possível em razão de uma comunicação em tempo real sobre o avanço em diversos indicadores, entre eles:
- Financeiros;
- Performance operacional e gerais;
- Metas e objetivos.
“A percepção é que, ao ter nas mãos o controle sobre o nosso desempenho, conseguimos mais empenho da equipe, que está inteirada de todos os processos e consciente de seu papel na construção de uma empresa cada vez mais sólida e engajada na valorização de seus colaboradores”, reitera Bárbara Forlin.
As mudanças e impactos no setor de compras continuam em pauta
Reestruturar os processos internos, reduzir custos, gerar valor e qualificar fornecedores para ambientá-los em um espaço dinâmico da estratégia de compras. Essa foi a tônica das apresentações do 4o Compras Summit que conectaram o procurement com o viés financeiro em termos de gestão de riscos, relação com fornecedores e redução de custos.Mas a história não para por aí. A CICLO Academy continua explorando as mais inspiradoras informações sobre o universo do procurement e das compras em seu Hub de Conteúdo. Continue conosco e se prepare para participar do 39o Simpósio Supply Chain!
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